segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Natureba



O clima de férias implica em tudo que você lerá dessa vez. Não venha correr os olhos neste texto achando que esse será mais um dos textos dedicados à amores sem sorte, ou uma desilusão banal e aditiva que todos temos nesta vida, pois não é. Eu mal quero saber. Vamos dizer de como me sinto melhor nessas últimas semanas. Muito melhor. E agora que entrou o verão, a tendência é só melhorar. Eu que amava o inverno com todas aquela neve imaginária que caia nos meus sonhos nas noites que beiravam os menores graus, sempre mais forte dos menores. Eu que sempre gostei de me congelar, de curtir o frio com aquela roupa toda e me esbaldando no meu chocolate quente. Isso é curtir um inverno? Eu deveria ter saído sem um terço dessa roupa toda naquele frio do caralho. O bom mesmo era estar com ele, junto, grudado, e quando ele dizia: "Eu vou alir pegar um vinho, já volto, tá?" Era como se eu disesse sem dizer que o frio iria me matar se ele não voltasse logo. O verão chegou... Ah, sabe a sensação mais pura de liberdade. É o que eu sinto. O sol transpassa minha pele e aquece todo meu interior sem nenhuma necessidade ou dificuldade. Como se a única coisa que eu realmente dependesse fosse do majestoso Sol e de mais ninguém. É como se o Sol falasse comigo:" Menina, calor humano nenhum poderá te aquecer melhor que eu, fique comigo, me aproveite antes que eu vá embora." E eu fico, claro. Passo a maior parte do tempo exposta a ele, como se fose a minha bateria. Quem iria precisar de mais alguma coisa? Eu não. Nada é maior que ela. Nenhum amor, nenhum desejo, nenhum plano, nenhuma sessão de meditação, acupuntura ou psicanálise. A natureza é soberana. Pobre da mente, das boas intenções e do resto todo que acha que manda alguma coisa. É ela quem me comanda. Não há nada comparado, nenhuma força maior. O bem estar não é clássico, não só tira da monótona vida urbana como dá a paz e sensação de liberdade. Espere. De que estamos falando? Desse lugar que defendo tanto com meus enormes dentes e unhas da cor pink. Como é triste e absurdo e solitário defender um lugar que não existe e que eu própria não tenho músculos e nem fé para suportar. Eu defendo o lugar do qual não pertenço, mas pra onde eu tenho eterna passagem comprada e cancelada e comprada e cancelada. Eu quero mesmo é personificar tudo isso. A espera de alguém que não vá embora, que aguente, que divida meu desespero ou apenas o suporte. A espera da pessoa que suba comigo e fique comigo lá em cima, me ensinando a viver lá de cima. A espera da pessoa que faça aqui embaixo ser algo tão bom que eu não precise mais brincar de assassina de tudo e de mim mesma. A espera da pessoa que não morra quando jogada da minha janela altíssima. E suba de novo. Ou não caia. Entenda que minha porrada não era para jogá-la do alto mas apenas porque estar no alto é se debater em tudo. E volte. E fique. E me deixe aqui embaixo. E me deixe aqui em cima. A espera eterna de mim mesma na versão que faz dar certo, quem sabe, no Sol. Que sempre será a única certeza, a certeza que voltará sempre pra mim. Ih, me desculpe... foi mais um texto dedicado aos meus amores sem sorte e à qualquer desilusãozinha banal dessa vida.

3 comentários:

  1. Lorac, legal... bem maniqueísta a idéia inverno/verão e, como estamos no mesmo. Gosto de ambos, apenas a coerção social me faz adquirir crítica acerca disso OU NÃO. Até maixx

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  2. Desculpem-me pelos erros gramaticais, a pressa não me deixa ler corretamente. ):

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